Internacional

Pragmatismo é essencial nas relações com Israel, diz ex-embaixador



Em meio à guerra entre Israel e Hamas, o Brasil precisa ter uma postura “pragmática” para que a boa relação entre as duas nações seja mantida, declarou o ex-embaixador brasileiro em Israel Gerson Menandro em entrevista à Gazeta do Povo. O general, que ocupou o cargo entre setembro de 2020 e janeiro deste ano, foi um dos responsáveis pela aproximação bilateral durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“É preciso ter boas relações políticas, senão nosso relacionamento bilateral não se mantém. Um país como Israel não vai passar seu conhecimento e tecnologia na área cibernética e espacial para um país que ele não confia. Se o Brasil se distanciar de Israel, e se aproximar mais do Irã e do Hamas, naturalmente isso reflete na qualidade da nossa relação com o governo israelense. Não apenas no que diz respeito à política, mas nas trocas que envolvem aéreas da medicina, saúde, trabalho, cultura, defesa espacial, cibernética e etc. É preciso manter uma relação pragmática”, defende.

Apesar de não ser um diplomata de carreira, Menandro foi indicado como embaixador em Israel porque o ex-presidente Bolsonaro queria estreitar os laços com o país. “Quando eu assumi, o relacionamento entre as duas nações era cordial e amistoso. Mas havia muito a ser explorado e para ser aprofundado”, explica o ex-embaixador.

À época, alguns especialistas apontavam que havia um certo distanciamento entre os dois países, devido à questão envolvendo a Palestina. Bolsonaro buscou mudar esse relacionamento ao se aproximar do país e criar alianças mais efetivas. De acordo com Menandro, o relacionamento cordial e diplomático entre as duas nações não era o suficiente para o ex-presidente.

A relação bilateral entre os dois países fechou 2022 com um recorde acordos fechados nos mais diversos âmbitos. Com mais de 300 empresas israelenses ativas no Brasil, o fluxo comercial entre as duas nações fechou a balança de 2022 em mais US$ 2 bilhões — quase o dobro do que foi registrado em 2021. Nos primeiros nove meses deste ano, conforme dados levantados pela Gazeta do Povo, a troca envolvendo importação e exportação Brasil-Israel já passou de US$ 1,6 bilhão. Os números mostram um salto na relação bilateral e parte disso vem da troca que se estabeleceu nos últimos anos.

Segundo Menandro, o governo anterior buscou uma postura mais neutra em relação ao centenário conflito Israel-Palestina. “Israel considerava o Brasil parcial sobre a questão da Palestina. O que, a meu ver, já era previsto, devido ao que diz nossa Constituição. Mas posso dizer que no governo Bolsonaro essa questão foi tratada de forma exemplar”, pontua.

Ele continua: “Há 18 resoluções na Organização das Nações Unidas (ONU) que tratam da questão Israel-Palestina. [Na gestão do ex-presidente Bolsonaro] O Brasil votava exemplarmente: seis votos a favor da Palestina, seis a favor de Israel e se abstinha das demais. A postura era neutra e o governo israelense reconheceu isso”, salienta Menandro.

E é justamente por isso que o ex-embaixador defende a necessidade a permanência de uma postura “pragmática” da diplomacia brasileira, para que se mantenha a troca bilateral entre as duas nações. “O palestino tem direito a ter sua terra e ter seu direito, o Brasil defende isso e eu concordo com isso. Essa solução de dois Estados é muito difícil na prática, mas é um direito. Não [se deve] nunca negar o direito de Israel de ter sua terra, nem de ter o direito de se autodefender. E nunca exaltar um grupo terrorista. É preciso ser pragmático”, pontua.

Confira a seguir outros trechos da entrevista, que foi editada para melhor compreensão do leitor.

Como pode ficar a situação dos brasileiros em Gaza? Há chances de o Egito permitir a passagem?

Tem chance, sim. Acredito que quando Israel desencadear uma ofensiva maior, vai aumentar o número de baixas e de efeitos colaterais, e aí a pressão em cima do Egito vai ser imensa. Nessa fronteira tem muitas passagens no perímetro de Gaza, todas dão para Israel e uma pequena faixa dá para o Egito. São cerca de 9km a 10km de fronteira que fica localizada em Rafah. E quem controla Rafah, em 100%, é o Egito. A questão é que o Egito tem sido muito receoso, porque ele não quer permitir que terroristas [do Hamas] se infiltrem em seu território.

A passagem por ali é segura?

Pouca gente sabe, mas aquela área do Egito é quase um vazio demográfico. É onde está localizado a Península do Sinai, um grande deserto em direção ao Cairo. E, o que talvez pouca gente também saiba, é que aquela região ainda tem bolsões de resistência do Daesh, o Estado Islâmico. Para você ter uma ideia, quando fomos evacuar brasileiros de Gaza em 2021, tivemos que evacuar pela Jordânia, que é muito mais seguro, e não pelo Egito, porque o checkpoint de Rafah até Cairo é perigoso, não se deve nem trafegar lá de noite, por exemplo.

Devido a esse compreensivo receio do Egito, de que terroristas passem disfarçados com refugiados, como se faz essa distinção?

É difícil fazer isso. Ele [o terrorista] vai estar disfarçado, não usa uniforme, ele é um combatente que não usa nada que possa identificá-lo, ele pode ser qualquer pessoa… É difícil fazer essa distinção. E o Egito não gosta do Hamas. O Hamas é um descendente da Irmandade Mulçumana, uma organização fundada no próprio Egito, ela é extremamente radical e prega a destruição do estado de Israel. E o atual governo do Egito é totalmente contrário à Irmandade Mulçumana, que era do governo anterior. Por isso que [o governo egípcio] até hoje segura a abertura dessa passagem, apesar dos diversos pedidos.

Há alguns relatórios e reportagens que têm apontado que terroristas do Hamas se infiltraram em Israel, por isso conseguiram fazer tal ataque…

Sim. Israel chegou a 23 mil permissões diárias para palestinos de Gaza cruzarem a fronteira no começo da manhã, para trabalhar em Israel. [A maioria trabalhava] em diversas áreas próximo à fronteira, às vezes mais ao sul, exatamente onde foram os ataques, e ao final da tarde voltavam para Gaza. O salário oferecido em Israel tende a ser de seis a sete vezes maior que salário médio pago em Gaza. Além de não ter muita oferta de emprego ali, essa é a fonte de renda dos palestinos que moram naquela região. Agora, como que Israel vai controlar um a um que entra ali? É difícil fazer esse controle.

Eles [Hamas] estavam fazendo isso [esse plano de ataque] havia uns dois anos e meio, trabalho de formiguinha. Levava arma desmontada, munição, precursores de insumos da munição, pólvora… Iam montando em galpões isolados, terrenos baldios. E, ao mesmo tempo, levantando informações. Eles sabiam exatamente quais eram os pontos que não tinham fiscalização, não tinham guarita ou segurança.

O senhor acredita que há uma perspectiva para o fim da guerra?

Eu acredito que essa guerra vai ser ainda mais cruel, mais intensa e letal, sobretudo quando mais países começarem a intervir.

Como o senhor avalia a resolução formulada pelo Brasil para o Conselho de Segurança da ONU, que posteriormente foi rejeitada?

Eu já trabalhei na ONU fazendo negociações como esta. Você ter um texto com o mínimo de consenso é muito difícil. Houve mérito, 12 votos a favor, duas abstenções e um contra. Mas na prática, não passou [devido ao veto dos Estados Unidos]. Eu não vou criticar e não vou elogiar porque eu não sei, nem ninguém sabe, como foi o trabalho de bastidor. Acho que o texto estava razoável, bons termos, cobria quase tudo. Mas me questiono se o Brasil sabia que o Estados Unidos não aceitaria a não inclusão do direito de Israel de se defender. O Brasil, por exemplo, trocou o termo “cessar fogo” por “pausa humanitária”, isso foi habilidoso. Um cordão humanitário separa a guerra, Israel queria isso e ainda quer, porque há cidadãos dele lá [como refém na Faixa de Gaza]. Há israelenses quase morrendo, como estão as condições desses reféns? Muito habilidoso, mas até que ponto esses termos foram discutidos [entre os demais membros]?

O senhor acha que o Brasil tem lidado bem com esse conflito?

Do ponto de vista de Israel, o governo israelense acha que a reação do Brasil poderia ser menos tímida. Percebe-se isso nas notas que a embaixada de Israel tem divulgado. Eles acham, por exemplo, que poderia citar o Hamas. O embaixador [de Israel] acha que a linguagem tem sido amena. É difícil, porque é necessário manter distância das situações, mas nessa hora, não se pode relativizar as coisas. Foi uma barbárie o que aconteceu. Mas deve-se adotar um posicionamento justo e equilibrado para os dois lados, palestinos e israelenses. Mas o ato em si deve ser condenado por todos.

Existe uma solução justa para esta guerra?

Não existe solução rápida. Na visão de Israel, exterminar o Hamas seria a melhor solução. Mas isso não é fácil, já que ele está nas raízes de Gaza, em meio aos civis. Uma das soluções, no longo prazo, é o investimento agora nas novíssimas gerações, para tentar formar uma cultura que não estimule o ódio. Outra providência é um forte investimento em pacotes socioeconômicos. Esses jovens [que vivem em Gaza] têm que ter alternativas, ter emprego, ocupar o tempo ocioso, não pensar em pegar em armas ou ganhar dinheiro fácil, ganhar dinheiro com drogas, que financiam o terrorismo. Agora, energia, transporte, saúde, educação, saneamento básico, assistência social, trabalho, água potável… Israel pode fornecer isso, mas tem que “fazer a cabeça” dos radicais. Pensando no futuro, isso pode ser bom para todo mundo. É claro que o palestino não quer guerra. E Israel não quer guerra, o país para durante a guerra, 10% do PIB israelense é do turismo, e o setor está parado agora. Sem contar o clima de tensão no ar… Além disso, guerra custa caro e isso pode acabar com a economia de um país.

Fonte: Gazeta do Povo

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